Redes sociais na saúde mental: qual influência e impacto ?
Vivemos em um mundo ultraconectado e os smartphones e computadores são acessórios indispensáveis para conseguir se manter inserido em círculos sociais e profissionais.
Boa parte da nossa vida profissional, social e afetiva se desenvolve no âmbito digital, através das redes sociais. Para muitos, dar uma conferida no WhatsApp ou no Instagram é literalmente a primeira atividade do dia, logo após abrir os olhos.
Nos últimos tempos, até mesmo a atividade política dos países é amplamente noticiada por canais de mídia social dos próprios governantes, antes mesmo de serem divulgados na mídia tradicional.
Todo esse cenário nos coloca em um contexto de total imersão na internet e nas redes sociais, pois elas são nossas portas completamente abertas para o mundo, com elas conseguimos fazer de tudo.
Entretanto, com essa tendência crescente e sem precedentes, naturalmente surgem as questões paradoxais que nos fazem questionar o real impacto que nosso tempo de tela e as redes socias na saúde mental e física.
Quão conectados estamos?
Uma pesquisa realizada pela Cupom Válido, reunindo dados da WeAreSocial e da Hootsuite, apontou que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais utiliza redes sociais, sendo que a média de consumo diário é de 3h42min de conexão. Além disso, cerca de 70,3% da população brasileira utiliza alguma rede social em seu dia a dia.
No que diz respeito à finalidade do uso das mídias sociais, 36,5% dos brasileiros utilizam os canais para se manter atualizados sobre novos acontecimentos e notícias, enquanto 35% busca entretenimento e 34,4% utiliza para preencher o tempo livre.
Esses são dados extremamente importantes se nos questionarmos o impacto de todo esse tempo de conexão e do tempo excessivo nas redes sociais na saúde mental e em nosso dia a dia.
Os principais impactos das redes sociais na saúde mental
É claro que as redes sociais não são vilãs, mas a forma como usamos e aproveitamos essas tecnologias é determinante para saber se o impacto é mais negativo do que positivo. O uso crescente e excessivo, em especial nas novas gerações, pode ocasionar uma série de sentimentos, comportamentos e hábitos que não são nada saudáveis. Entenda os principais impactos das redes sociais na saúde mental:
Ansiedade
Incessantes notícias negativas, comentários desagradáveis e a idealização de um mundo perfeito são alguns dos fatores que fazem as redes sociais nos deixarem ansiosos.
Quem nunca ficou deitado antes de dormir olhando uma rede social por horas e se sentindo cada vez mais inquieto pelo desejo de mudar de vida, fazer algo diferente e, assim, finalmente alcançar um ideal distante de vida?
Se não estivermos atentos, esse comportamento se condiciona em nossa rotina e acaba nos prejudicando imensamente.
Para quem já tem um quadro clínico de ansiedade, pode ser pior ainda, pois o sentimento de comparação, medo do futuro e sensação de estar perdendo tempo pode ser um gatilho tremendo para uma crise.
Baixa autoestima
Uma rápida navegada pelas redes sociais, especialmente as de publicação de fotos e vídeos, e perceberemos que se trata de uma cultura muito bem definida de criar representações de nossas vidas em que tudo é perfeito e ideal.
Marcas, pessoas públicas e usuários comuns das redes sociais muitas vezes reforçam padrões de vida inalcançáveis, com rotinas de produtividade destrutivas e padrões corporais tidos como melhores do que outros.
De acordo com uma pesquisa da Royal Society for Public Health, o uso excessivo do Instagram impacta negativamente na autoimagem e alimenta nos jovens um medo de não vivenciar o que outras pessoas compartilham na rede.
Dessa forma, a alta conectividade através das redes sociais pode impactar diretamente na autoestima do usuário, que acaba caindo em ciclos de comparação com outras pessoas.
Imediatismo e desatenção
Com tempo de duração cada vez menores, os vídeos que consumimos nas redes sociais nos condicionam a um imediatismo tremendo, que tem como consequência uma dificuldade de ter foco e atenção quando precisamos atentar para algo por mais tempo.
Além disso, o poder de consumo que a internet e as mídias sociais proporcionam muitas vezes nos fazem agir por impulso diante do imediatismo que toma conta. Fortalece-se a ideia de que tudo precisa ser para ontem, caso contrário, é insatisfatório.
Isolamento social
Já esteve em uma situação social em que todos estavam mudos, olhando para a tela do celular? Seja com a família, amigos ou cônjuge, a hiperconectividade nos afasta do momento presente e acaba nos impedindo de criar conexões reais com as pessoas quando elas estão fisicamente perto de nós.
Por facilitar tanto a conexão entre pessoas, a internet acaba, muitas vezes, tomando a frente do diálogo oral mesmo quando as pessoas se reúnem especificamente para conversar.
F.O.M.O – Fear Of Missing Out
Já ouviu falar em F.O.M.O, o Fear Of Missing Out? Em tradução livre, o termo significa “Medo de Estar Perdendo Algo” e representa o sentimento de angústia e ansiedade que muitas pessoas têm por terem a impressão de que estão perdendo algum acontecimento importante a todo momento. Quase dois terços do total de usuários de redes sociais sofrem com o F.O.M.O.
Um exemplo dessa condição na prática é quando passamos horas avaliando a vida das outras pessoas indo de vento em popa através de publicações nas redes sociais e temos a sensação avassaladora de que estamos perdendo tempo e não aproveitando nossa vida da melhor forma.
Além de tudo isso, toda essa cultura cria uma pressão imensa em cima da ideia de viver intensamente, viver tudo que é possível e compartilhar todos esses instantes com o mundo através de um smartphone.
Cyberbullying
O cyberbullying é um assunto que definitivamente se tornou mais comum na última década. Mesmo assim, é como se ainda não tivéssemos dialogado o suficiente sobre isso.
Não é incomum vermos pessoas sofrerem ataques virtuais, como xingamentos e acusações, condenando condutas consideradas erradas ou, muitas vezes, condenando a aparência de outra pessoa.
Lidar com esse tipo de comentário traz muita frustração e o impacto negativo disso na nossa saúde mental é gigante, muitas vezes virando assunto de terapia para que seja possível criar mecanismos de enfrentamento para superar.
Como podemos prevenir os impactos das redes sociais na saúde mental?
A não ser que seja do seu desejo, não é preciso tomar medidas drásticas como deixar o celular de dentro de casa toda vez que sai ou apagar seus perfis em redes sociais para se prevenir de todas essas consequências ruins.
Para manejar esses impactos, tudo parte da sua rotina e da forma como as redes sociais estão incluídas nela. Procure identificar os momentos em que você mais passa tempo conectado e comece a se policiar para reduzir esse tempo.
Invista em outras atividades no seu tempo livre, atividades que sejam mais saudáveis para o seu corpo e mente, proporcionando a você estímulos positivos.
Uma outra dica importante é estabelecer um horário para o uso do celular, além de delimitar um horário fixo em que você deve deixar o smartphone de lado para começar a se preparar para dormir. E se necessário faça um detox digital!